Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Tecnológica

Centro Tecnológico - Universidade Federal de Santa Catarina

PERIGOS DO AQUECIMENTO GLOBAL

    Estudo lista os perigos do aquecimento global. O Globo, 2/5/2001


    A saúde da população dos EUA, país que mais contribui para o aquecimento global, está ameaçada por conta da elevação da temperatura média do planeta.

    É o que mostra um estudo encomendado pela Agencia de Proteção Ambiental (EPA), do governo americano, e realizado pela Universidade Johns Hopkins, que analisou pela primeira vez o impacto que o aumento da temperatura teria sobre os habitantes do país.

    As projeções para os EUA - responsáveis por 25% das emissões dos gases de efeito estufa, que aceleram o aquecimento global - não são nada animadoras.

    De acordo com o estudo, há um grande números de americanos correndo risco de ficarem doentes ou morrerem, caso a temperatura aumente até 5,8 graus Celsius até o fim do século, como prevêem os relatórios da ONU. Os mais vulneráveis são os idosos, as crianças e os pobres.

    Explica Jonhnatan Patz, que conduziu o estudo, realizado por profissionais de diversas áreas e já encaminhado ao Congresso dos EUA:

- Procuramos analisar cinco problemas básicos, que surgiriam com maior intensidade com a elevação da temperatura, podendo ameaçar a saúde da população: doenças associadas ao calor; problemas decorrentes de fenômenos como secas e enchentes; aumento da poluição; doenças relacionadas á contaminação da água e dos alimentos e doenças transmitidas por vetores tipicamente tropicais, como dengue e malária.

    A conclusão deixa claro que é preciso melhorar a política nacional de saúde dos EUA e a infra-estrutura para que esses problemas não atinjam de forma drástica a população.

- Um exemplo são as 950 comunidades no país que não possuem uma rede de água e esgoto satisfatória. Com a maior incidência de chuvas, uma das conseqüências do aquecimento, os sistemas entrariam em colapso, elevando os riscos de transmissão de doenças. A pesquisa também mostrou que são necessárias mudanças em outras áreas, como previsões do tempo, planejamento urbano, técnicas de conservação de alimentos e campanhas de prevenção de doenças - explica Patz.

    Susan Bernard, outra integrante da equipe, fez uma analise específica do impacto do calor na população. Segundo a cientista, o aquecimento global aumentaria o número das ondas de calor, que no verão costumam matar crianças e idosos nos EUA.

- A próxima etapa é estudar como o calor influencia o aparecimento de doenças como a gripe e as sexualmente transmissíveis - diz Bernard.

    Os especialistas em mudanças climáticas acreditam que o estudo foi divulgado em boa hora. Em junho, na Alemanha, será realizada mais uma reunião entre representantes dos países desenvolvidos com o objetivo de discutir a ratificação do Protocolo de Kioto. Proposto no Japão em 97, o documento tem como objetivo reduzir a emissão dos gases de efeito estufa. Seu cumprimento depende justamente da assinatura dos EUA, país cujo presidente, George W. Bush, insiste em desprezar o protocolo.